- Estes são os peões. São como os soldados. Eles andam assim. Apenas uma casa de cada vez, exceto quando lutam. Eles são a linha de frente, partem para o campo.
- Como se torna um rei?
- Não é desse jeito. Olha. O rei é sempre o rei, certo? Todos dependem dele, exceto os peões. Agora se um peão conseguir chegar do outro lado do tabuleiro, ele pode ser uma rainha. E como eu disse, a rainha não é nenhuma biscate. Ela se movimenta pra todo lado.
- Está bem, então...Se eu chegar do outro lado, ganho?
- Se encurralar o rei do outro, ai é que ganha.
- Mas se chegar do outro lado, viro chefão.
- Não, não é assim, olha. Os peões cara, no jogo, morrem depressa. Eles saem do jogo mais cedo.
- A não ser que sejam espertos pra caralho.
- Tenho feito isso há muito tempo. Nunca disse nada pra nenhum tira. Eu me sinto velho, tô nisso desde que eu tinha 13 anos. Nunca errei nenhuma conta, nunca roubei produto, nem fiz nada que não me mandassem fazer. Sempre fui direito. Mas o que eu ganho? Acha que se a merda feder pra mim, eles vão dizer: "Pô, é o Bodie. Ele é firmeza. Temos que pagar um advogado e a fiança." Eles querem que eu fique do lado deles, mas cadê eles, quando deviam tá do nosso lado? Quando a merda fede, e tudo vai pro inferno, cadê eles? Esse jogo é uma trapaça, cara. Somos feito umas vadiazinhas num tabuleiro.
- Peões.