corridão a assobios




O silêncio intelectual faz arruaça, mas não o bastante pra sequer arranhar a quietude monolítica, um cobertor translúcido cinza claro de trama larga que cobre tudo e garante que a paz do céu seja mantida APESAR de tudo que acontece por debaixo dos panos.

O ouvido se compadece da boca, obrigada a cuspir  impropérios contra a tirania dos verbos, a palavra que devia  ser seu domínio sobre o mundo agora é acompanhada por um sonoro PFFFFF. A boca sente pena desses pobres diabos em forma de orelhas, uma antena parabólica infernal condenada a ouvir o que não quer em um purgatório acústico que só faz duplicar os pecados sem nunca mencionar salvação.