incinerando

silêncio barulhento, quem curte?


que faço eu? finjo que meus atos são, ó nornas,
destinados por forças maiores que não devem
lá ter muito o que fazer com seu poder. engano
que o meu fazer diário irá, ó maximus, repercutir
na chatice eterna do divino saco cheio. iludo
que o corriqueirismo cotidiano me levará, ó messias,
à grande iluminação que me cegará os olhos de forma a
me privar do espetáculo pirotécnico do além curva.


bah, que seja. a festa e os fogos de artifício
sempre me parecerão forçados. o triunfo é
calado como o choque entre duas forças que
se anulam e geram uma espécie de senso
comum entre todo o estardalhaço desnecessário.
matei meus ídolos (estrelas só brilham de longe,
não passam de fumaça), aluguei meu ego por
30 dinheiros e rasguei uma boa parte da página
em branco na qual deveria estar minha história. com
a sorte dos distraídos, estufo o peito e truco pra fechar.